Há muito a ser dito – e vencido

7 de março: véspera do Dia Internacional da Mulher. Por que pensamos na data com tanta antecedência? Porque, muito mais que um dia de celebração e festa, para nós, mulheres, é dia de luta. Assim como todos os demais dias do ano.

Listar nossas agruras diárias seria impossível. Afinal, cada uma de nós sabe o fardo de ser como é. Mas todas nós somos a melhor versão de si mesmas, não podemos esquecer. A mulher idealizada na capa da revista, na foto em destaque no site, protagonizando a novela da TV não é apenas inatingível: é irreal, pois que não existe.

É fantasia, ilusão, um protótipo de sonhos e idealizações alheias. Não as minhas, as suas, as nossas. Mas aquelas que nos impuseram séculos – milhares de anos, aliás – atrás e que ainda hoje se escondem sob um manto hipócrita de igualdade demagógica que de fato nunca existiu.

Muitas morreram por nossos atuais “direitos”, que nunca exercemos de maneira plena. Somos violentadas e mortas diariamente para manter suas fachadas. Nunca fomos livres de verdade. Nem para sentar como quisermos (lembro bem da bronca homérica que levei da família materna pela minha falta de modos quando criança, há muuuuuitos anos), nem para nos vestir como desejarmos (quem de nós não escolhe a roupa de acordo com o nível de segurança do trajeto e destino?), muito menos para ser quem somos.

Mulheres fortes e inteligentes, que ousam ter opiniões e expressá-las, são negligenciadas, excluídas. Forçadas a permanecer no limbo dos espaços de decisão da sociedade. Vejamos nosso Congresso Nacional. Temos uma presidente (ou presidenta) mulher, e aí? Quais políticas públicas femininas avançaram em seus mandatos? Quem é maioria nas votações? Quem escolheu legislar sobre aborto, relacionamentos e outros tantos temas que nos dizem respeito, afetando diretamente nossa saúde e nossos corpos?

Quem aqui é de fato livre? O preço para tanto continua alto, e ousar seguir nesta vida de aventuras, de mulher que trabalha, estuda, escreve, cuida da família, do lar e de si mesma, é arriscado. Para a saúde, para a sanidade e até mesmo para a nossa integridade física. Mas insistimos em perseverar. E queremos mais. Não vamos desistir.

A todos os homens que reconhecem o valor de uma mulher e as respeitam em seu cotidiano, meus parabéns. Vocês são exemplos de que nossa espécie pode evoluir, embora em minoria. A vocês que acham que o melhor que podem fazer neste 8 de março é dar rosas à companheira… Reflita, enquanto há tempo. Ela merece bem mais, e perceber isso será bom para você.

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